a mãe embala a cria doente. tosse que não cessa. xarope, própolis e gengibre. e nada. é tarde e as farmácias do bairro já estão fechadas. quem sabe aquecendo o peito a tosse dá uma trégua.
cansada do dia, do cotidiano, do mundo, a mãe sente as mãos ficarem quentes e pousa a direita sobre o peito da cria.
tenta não pensar. e o pensar vagueia desconexo em estado de quase sonho. uma luz verde ameniza a noite. tranquilidade. a presença da imagem de um índio gorducho naquele verde, na mata, no quarto.
a mãe sabe que agora a filha está sob os cuidados daquele velho pajé. a tosse vai ficando mais espaçada. elas adormecem.
Bianca Velloso