sábado, 3 de setembro de 2011

Oftalmologista

Helena conhece todas as letras desde que tinha um ano e meio. Sabe o nome e relaciona com palavras do cotidiano.

Esta semana a levei numa consulta oftalmológica de rotina. Não gostou muito. O colírio para dilatar a pupila é ardido, deu uma fotofobia horrorosa e a deixou sem conseguir focalizar as imagens próximas. Estava realmente muito incomodada com toda aquela função:

- Deu, mãe, vamos embora! Estou com fome! Não consigo enxergar!

Na hora de avaliar a acuidade visual, fui logo avisando à médica:
- Ela já conhece as letras, acredito que vai responder melhor com letras do que com desenhos!

A oftalmologista projetou as letras na parede, apontou um "C" e perguntou:

- Que letra é esta aqui?

Helena está careca de saber que é o "C" da tia Calaca, mas para deixar a mamãe morrendo de vergonha respondeu:

- Não sei!

Fiquei com "cara de tacho", mas não tive coragem de insistir. A médica mudou a projeção de letras para o que chamamos de "E-direcional", que consiste na letra "E" projetada em diferentes direções (para cima, para baixo, para direita e para a esquerda). Helena demorou um pouco para entender a lógica do "para onde a letra está virada", mas acabou respondendo ao teste.

Quando saimos do consultório, perguntei:

- Por que não falaste as letras pra médica, filha?

- Porque eu não estava com vontade! - respondeu.



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