terça-feira, 19 de julho de 2011

Os Caminhos da Cultura

Se formos pais atentos e dedicados, nossos filhos enriquecem nossa bagagem cultural. No último fim de semana fomos de ônibus para Curitiba, com o objetivo de participar do I Encontro da Família Velloso. Quando chegamos a rodoviária de nosso destino falei:

- Filha, vamos colocar o casaco porque aqui em Curitiba é mais frio do que em Florianópolis.

- Por quê, mãe?

- Porque Curitiba está no alto da serra e na serra sempre é mais frio.

- Por quê?

Pronto, fiquei sem resposta, os porques intermináveis que eu adoro responder tinham acabado de dar um nó na minha cabeça. Não houve jeito de conseguir lembrar das aulas de geografia da Professora Onélia.

- Ih, filha, isso eu não sei responder mesmo! Preciso pesquisar! Se a serra está mais perto do sol e, segundo a física, o ar frio desce e o ar quente sobe, não faz sentido mesmo que na serra seja mais frio, mas é.

Ela provavelmente não entendeu nada do meu raciocínio e se contentou com a promessa de pesquisa, mas a dúvida continuou martelando na minha cabeça. De tanto puxar pela memória lembrei que tinha algo a ver com o fato de o ar ser mais rarefeito quanto maior a altitude. Depois perguntei ao Val, mas a explicação dele não me convenceu muito.

Hoje pesquisei e aprendi: na serra o ar é mais rarefeito, no litoral é mais denso. O sol esquenta o solo que faz o calor subir, o ar mais denso consegue reter mais o calor. E foi uma delícia descobrir tudo isso, muito menos pelo valor da descoberta e muito mais pela sensação de ter me libertado da ideia de que filho nos aliena um pouco do contexto cultural. É verdade que hoje eu faço menos passeios culturais, na televisão a única coisa que consigo assistir é desenho animado e quando vou deitar que poderia pegar um livro para ler estou tão cansada que mal consigo passar da primeira página. Por outro lado, essa curiosidade infantil pode sim nos mostrar um caminho cultural bastante interessante e muito mais cheio de beleza e emoção.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Adepta do parto normal

- Mãe, como eu saí da tua barriga?

- A Maricélia e a Vó cortaram a minha barriga e te tiraram lá de dentro.

- Como que corta a barriga pra tirar o nenê?

- É com uma faquinha especial de médico que se chama bisturi.

- E dói pra cortar a barriga, mãe?

- Não, filha, não dói nada porque antes de cortar a gente toma uma injeção que se chama anestesia e que não deixa a gente sentir dor, aí a gente não consegue mexer as pernas também, é engraçado! Mas isso só dura um tempinho, os médicos tiram o nenê da barriga, depois costuram a barriga de novo e a anestesia vai passando, aí, devagarinho a gente volta a conseguir mexer as pernas e a barriga dói um pouquinho.

Depois desta conversa fomos almoçar e não falamos mais sobre o assunto. No dia seguinte saimos de carro para ir ao mercado, eu dirigindo e ela na cadeirinha atrás de mim, de repente ela fala:

- Mãe, eu nunca vou querer ter filho!

Eu já nem lembrava mais da história.

- Por quê, filha?

- Porque eu não quero que cortem a minha barriga!

- Linda, mas dá pra tirar o nenê pela "xexeca" também!

- Como, mãe?

- Quando chega a hora do nenê nascer a mamãe faz bastante força como se fosse fazer cocô, aí o nenê nasce!

- Eu quero ter pela "xexeca" então!

Sonho realizado

Foto de Val Portásio


No último fim de semana, num encontro da Família Velloso em Curitiba, Helena realizou o sonho de segurar um bebê no colo. Este bebê lindo que ela segurou é a Laura, filha do meu primo Paulo Amaro. Perguntei:

- Gostou de segurar a Laurinha no colo, filha?

- Gostei!

- Estás feliz?

- Estou!

- Vamos levá-la para nossa casa?

- Vaaamos!

- Tu me ajudas a cuidar dela?

- Ajudo!

- Ajuda até a trocar fralda?

- Ajudo!

- Mas, será que a mãe dela vai deixar?

Pensou um pouquinho e depois respondeu:

- Ah, mas é só um dia!

Noções de astronomia

Ao acordarmos, ainda na cama, ela me perguntou:

- Será que hoje está chovendo, mãe?

- Acho que não, filha.

- Acho que não também, não estou ouvindo barulho! A chuva faz barulho porque pinga! A chuva pinga, o sol não pinga, o sol só fica assim, ó (e ficou estática uns segundinhos), parado!

- Isso mesmo! E a lua?

- A lua anda, porque quando a gente anda de carro ela vai andando junto! E as estrelas estrelas fazem assim ó: (e abria e fechava as mãozinhas, movimentando os bracinhos pra frente).

Camisinha

No sábado dia 02/07 levei Helena pela primeira vez a um evento numa escola de samba, a Consulado, que é a escola da Vó Eunice. Era apresentação do trabalho realizado pelo Projeto Caeira 21, coordenado por Graça Carneiro e voltado para as crianças da comunidade que vivem no entorno da quadra da escola. Houve apresentação de boi-de-mamão, balé, mestre-sala, porta-bandeira e bateria mirim, num palco enfeitado com um painel estilo colcha de retalhos formado por telas pintadas pelas crianças nas aulas de arte do projeto.

Helena adorou, principalmente a apresentação de mestre-sala e porta-bandeira mirim. Parecia em casa, correu por toda a quadra, cantou, pulou... 

Lá pelas tantas, uma enfermeira da campanha de prevenção ao HIV começou a distribuir camisinha. Deu uma tira para minha irmã Carolina, outra para mim e minha mãe agradeceu e não pegou.

Lógico que Helena estava atenta àquela movimentação toda:

- O que é isso que a moça te deu, mãe?

- É camisinha, filha.

- Pra quê?

- Para colocar no "peru" dos meninos.

- E por que ela te deu?

- Pra eu dar pro Val.

- E a tia Calaca, pra quem vai dar?

- Pro Mohamed.

- E por que ela não deu pra Vó?

- Porque a Vó não tem namorado.

- Mas aí ela coloca na "xexeca" dela!

Lógico que depois ela pediu para abrir uma camisinha para ver como era! Abri e mostrei.