domingo, 3 de outubro de 2010

Uma homenagem a Eduardo Galeano

Também uma homenagem ao TCC do Namorado.

03/10/2010 - Dia de Eleição

Hoje a poesia que trago para o blog não é minha, é sim de todos nós e diz muito a meu respeito. Identifico-me muito com o estilo literário do Eduardo Galeano, sobretudo no "Livro dos Abraços". Acordei cedo, pronta para o pleito. Abri uma agenda antiga e encontrei uma dessas poesias em prosa que podem ser chamadas de cotidianas e sempre atuais:

A CELEBRAÇÃO DA SUBJETIVIDADE - Eduardo Galeano

Eu já estava há um bom tempo escrevendo Memórias do Fogo, e quanto mais eu escrevia mais fundo ia nas histórias que contava. Começava a ser cada vez mais difícil distinguir o passado do presente: o que tinha sido estava sendo, e estava sendo à minha volta, e escrever era minha maneira de bater e abraçar. Supõe-se, porém, que os livros de história não são subjetivos.
Comentei isso com José Coronel Urtecho: neste livro que estou escrevendo, pelo avesso e pelo direito, na luz e na contra-luz, olhando do jeito que for, surgem à primeira vista minhas raivas e meus amores.
E nas margens do rio San Juan, o velho poeta me disse que não se deve dar a menor importância aos fanáticos da objetividade:
- Não se preocupe - me disse. - É assim que deve ser. Os que fazem da objetividade uma religião, mentem. Eles não querem ser objetivos, mentira: querem ser objetos, para salvar-se da dor humana.

2 comentários:

  1. Contar histórias é mergulhar nessa tal subjetividade e quase tão bom quanto ouví-las. Gostar também é uma narrativa subjetiva (essa em primeira pessoa)onde personagens tendem a perder referências cronológicas misturando "o que tinha sido e estava sendo".
    O TCC agradece penhoradamente à brilhante redatora Namorada, a homenagem. E se me perguntarem sobre o significado do que escrevi, respnderei subjetivamente

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