quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Conversas entre filha e mãe


- Mãe, quem é o dono da cidade?

- A cidade não tem dono, meu amor, a cidade é de quem mora nela!

- Se a cidade não tem dono porque está escrito ali naquele muro "cidade à venda"?

- Ah, filha, isso é porque o prefeito e a maioria dos vereadores (que deveriam cuidar da cidade e das pessoas que moram nela) estão mudando todo o plano diretor... Então onde era para construir parques, espaços para que as crianças pudessem brincar, os adultos pudessem fazer exercício, ler um livro, ou não fazer nada se assim quisessem, ou seja, espaços onde todas as pessoas que moram na cidade pudessem usar, agora o prefeito e a maioria dos vereadores deixam construir prédios e hotéis caros... Quem é que entrar num prédio ou num hotel? São todas as pessoas que moram na cidade?

- Não, só poucas pessoas, né mãe?

- É, eles querem vender esses espaços para quem só pensa em ganhar dinheiro... E ganhar dinheiro não é tudo na vida, né filha? Existe coisa muito mais importante do que ganhar dinheiro. A gente precisa poder viver bem no lugar onde a gente mora, com qualidade de vida... Eles constroem esses prédios grandes, vendem pra um monte de gente, quanto mais gente mora na cidade mais cheia ela fica, mais carro, mais fila pra todo lado: nos postos de saúde, nos hospitais, nos ônibus, no trânsito....

- Mãe, e quais os vereadores que votaram a favor das pessoas que moram na cidade, contra os prédios e os hotéis?

- Só três, filha, o Afrânio, o Lino e o Pedrão.

- Eu acho que não deveria existir carro na cidade, as pessoas tinham que andar de bicicleta, só de bicicleta.

- Mas e se a pessoa precisasse ir num lugar bem longe? Como ela faria? De bicicleta iria demorar muito...

- Podia existir um trem bem grandão, vários trens, que não precisassem de gasolina nem nada que poluísse... Aí as pessoas iam de bicicleta até o lugar do trem sair e depois andavam de trem!

Simples assim! E ela só tem cinco anos! Porque o dinheiro complica tudo!

-Bianca Velloso -

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