sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Pulsante

Da pulsação da estrela primeira
Ao doce pulsar da vida no meu ventre
A menina que hoje pula, agita, reina, brinca, chora e gargalha
Minha alegria mais pura
Minha maior preocupação
Meu desejo mais intenso
Escrevo por extenso:
Que sejas muito feliz
Que teu chão seja firme
E teus sonhos grandes e plenos de beleza e liberdade
Que teu olhar mire e seja reflexo das estrelas
Que tenhas tempo, amor, paciência e sabedoria
De apreciar a natureza
E olhar para a vida sempre
Com os olhinhos de criança 
Que descobre o mundo, se espanta,
Que busca e se encanta!
Meu amor maior, minha pequena,
No meu pulso pousa e pulsa
O teu nome: Helena.

Queria

Queria dar-te o céu
Com seu infinito azul
Suas estrelas a pulsar
Se eu pudesse
Dar-te-ia o universo
Verso por verso
Frente e verso

Escrevi isto há uns 12 anos atrás. Um dia publicaram numa agenda.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Imaginação Infantil

- Isa, me dá uma faca?

- Pra que tu queres uma faca, Helena?

- Pra cortar a minha maçã.

- Que maçã? Onde é que tens maçã?

- Eu sou criança, eu posso pensar o que eu quiser!

Lógica Infantil

- Mãe, e se a gente não tivesse perna?

- A gente andaria de cadeira de rodas.

- A Bisa não tem perna, mãe?

- A Bisa tem perna, filha, ela só andou de cadeira de rodas aquele dia no aeroporto porque as pernas dela estavam fraquinhas, cansadas, e nós precisávamos andar muito!

Sobre o namoro 2

- Mãe, e se a Thais fosse tua namorada?
- A Thaís não podia ser minha namorada, filha.
- Por quê?
- Porque eu não gosto de namorar menina, eu gosto de namorar menino.
- E se o Val fosse menina?
- Então eu não namoraria o Val.
- Aí tu ias namorar o meu pai de novo?
- Não, filha, a mamãe não ia namorar o teu pai de novo.
- Por quê?
- Porque nós somos muito diferentes, o papai gosta de fazer umas coisas que a mamãe não gosta e a mamãe gosta de fazer umas coisas que o papai não gosta, aí não deu certo.

Não podia imaginar que tão pequena ela fizesse esse tipo de questionamento, mas foi muito bom conversar sobre isso com ela, de uma maneira leve, tranquila e sobretudo ir colocando na cabecinha dela ideias que podem servir de base para uma postura livre de preconceito, que aceite as diferenças.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Sobre o namoro

Recebi um sms do Namorado e comentei com ela:
- Mensagem do Val!
Li quieta e suspirei:
- Ah! Lindo!
- Por que o Val é lindo, mãe?
- Porque é... Porque ele é gostosinho, é o meu namorado.
- E eu, mãe, quem é o meu namorado?
- Tu não tens namorado, filha, tu és criança, criança não namora, um dia tu terás um namorado.
- Como é que vai ser o nome dele?
- Não sei...
- Vai ser Cristiano - não sei de onde ela tirou este nome.

Inocência

- Mãe, e se a gente não tivesse carro?
- A gente andaria de ônibus!
- E se a gente não tivesse casa?
- A gente moraria na rua.
- Igual a passarinho?

Diante de tal conclusão da filhota, só me resta rezar como a Adélia Prado:

"Meu Deus, me dê cinco anos (...) me dá a mão, me cura de ser grande."

domingo, 3 de outubro de 2010

Uma homenagem a Eduardo Galeano

Também uma homenagem ao TCC do Namorado.

03/10/2010 - Dia de Eleição

Hoje a poesia que trago para o blog não é minha, é sim de todos nós e diz muito a meu respeito. Identifico-me muito com o estilo literário do Eduardo Galeano, sobretudo no "Livro dos Abraços". Acordei cedo, pronta para o pleito. Abri uma agenda antiga e encontrei uma dessas poesias em prosa que podem ser chamadas de cotidianas e sempre atuais:

A CELEBRAÇÃO DA SUBJETIVIDADE - Eduardo Galeano

Eu já estava há um bom tempo escrevendo Memórias do Fogo, e quanto mais eu escrevia mais fundo ia nas histórias que contava. Começava a ser cada vez mais difícil distinguir o passado do presente: o que tinha sido estava sendo, e estava sendo à minha volta, e escrever era minha maneira de bater e abraçar. Supõe-se, porém, que os livros de história não são subjetivos.
Comentei isso com José Coronel Urtecho: neste livro que estou escrevendo, pelo avesso e pelo direito, na luz e na contra-luz, olhando do jeito que for, surgem à primeira vista minhas raivas e meus amores.
E nas margens do rio San Juan, o velho poeta me disse que não se deve dar a menor importância aos fanáticos da objetividade:
- Não se preocupe - me disse. - É assim que deve ser. Os que fazem da objetividade uma religião, mentem. Eles não querem ser objetivos, mentira: querem ser objetos, para salvar-se da dor humana.