sexta-feira, 11 de março de 2011

Lição sobre os hábitos alimentares dos mosquitos

Numa manhã ensolarada no sul da Ilha de Santa Catarina, Val coçou a perna e Helena, que presta atenção em cada pequeno movimento ao seu redor, perguntou:

- O que foi, Val?

- Acho que um mosquito me picou.

Ela virou para o fogãozinho, mexendo em suas panelas, como se estivesse cozinhando e disse:

- Ah! Que coisa! Tu não sabes que mosquito só morde de noite, Val?

Escatológica

Helena fez cocô, depois olhou para os três pedaços no vaso e apontou:

- A mamãe, o papai e o filhinho.

Sobre a alfabetização

Helena acordou cedo e já havia tomado a mamadeira matinal. Sentei com o Val para tomar café. Em cima da mesa estava o Livro dos Abraços, do Eduardo Galeano que usei há poucos dias para compartilhar alguns textos com uma das minhas amigas mais queridas. Enquanto tomava café abri o livro numa página qualquer. Era a página da "Crônica da Cidade de Montevideu":

Julio César Puppo, conhecido como Lenhador, e Alfredo Gravina se encontraram ao anoitecer, num café do bairro de Villa Dolores. Assim, por acaso, descobriram que eram vizinhos:

- Tão pertinho, e sem saber.

Ofereceram-se uma bebida, e outra.

- Você está muito bem.

- Qual o quê…

E passaram umas poucas horas e muitos copos falando do tempo enlouquecido e de como a vida andava custando os olhos da cara, dos amigos perdidos e dos lugares que já não são, memórias dos anos moços:

- Você se lembra?

- E se lembro…

Quando finalmente o café fechou, Gravina acompanhou o Lenhador até a porta de sua casa. Mas depois o Lenhador quis retribuir:

- Te acompanho.

- Ora, não se incomode.

- Mas é um prazer…

E nesse vai-e-vem passaram a noite inteira. Às vezes paravam por causa de alguma recordação súbita ou porque a estabilidade deixava muito a desejar, mas em seguida continuavam na ida e volta de esquina a esquina, na casa de um à casa de outro, de uma porta à outra, como que trazidos e levados por um pêndulo invisível, acarinhando-se sem dizer nada e abraçando-se sem se tocar.




Adorei e quis compartilhar com ele. Li em voz alta. Helena, que brincava ali perto, parou na porta e ficou nos olhando:


- O Val não sabe ler, mãe?

O sutiã

Helena ajudava a avó a estender a roupa no varal. Ela tirava as roupas do balde e entregava para a avó que as pendurava. Quando pegou um sutiã meu parou de ajudar. Segurou a peça com carinho, levou até a boca e deu muitos beijinhos.

- O que é isso, Helena? - perguntou a avó.

- É o sutiã da minha mãe!

- E por que estás beijando?

- É porque ele é que guarda a tetinha da minha mãe!

Vó Gostosa

Acariciando e apertando a avó como gosta de fazer todos os dias, Helena chegou à conclusão:

- Vó, como tu és gostosa, tu és toda molinha!

Aprendendo a fazer crítica de filmes

Helena estava tomando mamadeira quando lembrou de uma cena do dvd do Barney, o dinossauro roxo:

- Vó, a Baby Bop é "expressionante"! Ela dá um espirro e saem voando todos os "papeus".

terça-feira, 1 de março de 2011

Guardem este nome

Poucos programas são melhores do que um chopp numa noite quente de sexta-feira.  Semana passada Helê nos acompanhou pela primeira vez, não no chopp, lógico, mas ao barzinho. Levou uma boneca e muita imaginação. Imaginou florestas mágicas e casas encantadas. Lá pelas tantas chegou um músico, ela  parou tudo para prestar atenção em cada detalhe da montagem dos equipamentos:

- Mãe e Val, vai ter música! O moço trouxe um violão, ele vai cantar!

- Ah, é? Que legal!

- Quando crescer eu também vou cantar e tocar meus instrumentos! E o meu nome vai ser "Paulinha Sá"!

O Val me olhou e caimos na gargalhada! Não sabemos de onde ela tirou este nome, de repente, assim sem pensar: "Paulinha Sá". No que isso vai dar não sabemos, talvez até façamos ideia, do jeito que é dramática pode nascer daí uma nova Maria Bethania. De uma coisa temos certeza: se um dia Paulinha Sá brilhar por aí ,esta história será contada em primeira mão pelo Val, em entrevista exclusiva.

Quando o músico começou o trabalho ela foi chamar a avó:

- Vó, vamos dançar?

Outra gargalhada geral.