terça-feira, 30 de abril de 2013

Luz



A gente vive ansiando a luz do sol
Mas talvez a luz mais verdadeira
Seja tênue e suave
como a chama de uma vela
como a luz do luar
a luz do quarto de amar
que tira o foco da visão
e permite que os outros sentidos todos
também possam brincar!

- Bianca Velloso -

segunda-feira, 29 de abril de 2013

...



Hoje eu quero embriagar-me do teu corpo,
Embebedar-me dos teus beijos,
Tomar um pileque do teu amor!

- Bianca Velloso -

sexta-feira, 26 de abril de 2013

quinta-feira, 25 de abril de 2013

PRESTENÇÃO!



Atenção é um bichinho
que avoa que nem passarinho
no céu da imaginação...

- Bianca Velloso -

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Resistência



Não me entregarei à razão:
no caminho da escola
junto uma folha seca do chão
olho pro céu, conto estrelas
mergulho em teus beijos
no mar da memória
faço um poema
entro na sala
ouço a lição
fecho os olhos
escuto teu sax e tua voz
- o sotaque mineirinho -
no espaço da imaginação
bordando sonhos de amor...
Não me entregarei à razão!
Quero a loucura, o sonho e a poesia!

- Bianca Velloso -

Sopa de Fantasia



Vamos fazer uma sopa de fantasia?
É assim:
mistura as minhas com as tuas
as tuas com as minhas
aquece um bocadinho
e vemos o que é que sai...

- Bianca Velloso -

Chave



Não entendo nada de teoria musical
Mas desconfio que a clave de sol
Seja a chave que abre
o despertar do Sol!

- Bianca Velloso -

terça-feira, 23 de abril de 2013

ANATOMIA DE POETA


Na artéria corre amor
e na veia poesia!

- Bianca Velloso -

Salve a desatenção!



Deram para achar
que sofro de "desatenção"
Tolos! Não percebem que
o que chamam de desatenção
é o que me cura
do mal da cidade!
O que chamam de desatenção
nada mais é do que atenção
nas minúcias da vida,
atenção naquilo que importa deveras
O que chamam de desatenção
é o que me faz cúmplice do sofredor
e militante do amor
Minha atenção está na dor do mundo
na lua, nas estrelinhas, nas entrelinhas
está nas gentes, na rua e na flor
O que chamam de desatenção
é o que me faz mendiga, princesa,
cachorra, devota, herege
 moleca, profana, sagrada, insana...
O que chamam de desatenção
é o que me faz poetar
E meu poetar é o que me faz feliz!
Portanto aqui fica o recado:
não sofro de desatenção!

- Bianca Velloso - 



Menina Maluquinha



Meu caderno hoje estava igual
ao do menino maluquinho:
uma lição e um versinho
a mãe disse que eu não estava
prestando atenção
mas minha desatenção
é apenas o meu jeito
de resistir à razão!

- Bianca Velloso - estudante da Pós Graduação em Optometria Comportamental

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Livros na Praça



Na praça da Palhoça existe uma mina! No intervalo do almoço, uma força de imã atraiu-me para lá... E encontrei um tesouro: um livro chamado "De todas as únicas maneiras & outras":

"NUVENS

Pela janela, as nuvens faziam desenhos impossíveis. Brincando de esconder a lua, tecendo cores raras, noturnas.
Fugindo umas das outras, se aproximando, numa dança suave e muda, unindo-se até virarem céu ou dispersas, esparsas, desfazendo chuvas.
O tempo que derrama as folhas sobre as pedras do quintal não é o mesmo que se mede em nuvens.
A lua: às vezes oculta."

O texto feito assim sem nexo, sem sentido, apenas para bagunçar a razão e reorganizar os sentimentos! Como penso que deve ser mesmo um poema... O texto tocou-me profundamente. Procurei no livro informações sobre o autor, "Jorge Viveiros de Castro". Nada encontrei sobre sua trajetória, sua história, sua obra, sua vida... Nada! Isso tocou-me ainda mais... Não resisti... Comprei o livro! Uma fortuna: cinco reais!

Ah, como eu gosto de trabalhar na Palhoça!!!

- Bianca Velloso -

quinta-feira, 18 de abril de 2013

O amor é ninho, não gaiola!



Voa, voa,
meu pássaro encantado
Voa, voa,
meu pássaro de fogo
Voa, voa,
meu pássaro de mil cores
Voa, voa,
meu pássaro de infinitos sons
Voa que te quero livre
Voa que te quero pássaro
Voa e volta 
Volta e voa
E voa e volta
que sou ninho e sou pássara
e também voo e também volto
pra voarmos juntos
no céu de navegar
no barco de voar
No mar de sonhar
Simplesmente amar

- Bianca Velloso -

terça-feira, 16 de abril de 2013

Mãe Natureza



As árvores do quintal
ensinam a transgressão
o sistema separa, aparta...
as árvores simples e docemente
ignoram os muros
e se espalham
dos dois lados
aqui e no vizinho
- dentro e fora -
e dividem flores, frutos e poesia! 

- Bianca Velloso -

Música



Música é uma linguagem não verbal
que só pode ser entendida através da poesia
porque a poesia não é palavra
a poesia é alma!

- Bianca Velloso -

Coisa que não se explica...



Uma das minhas principais referências
musicais e poéticas
era um eterno apaixonado...
Já não habita mais a existência
mas de vez em quando 
aparece tão nítido pra mim:
na "Lua Branca" de Chiquinha Gonzaga
ou em "Minha Namorada" do Vinícius...
Às vezes, através de olhos desconhecidos
até conversa comigo...
Pura zombaria de quem dizia
que vida após a morte não haveria...
Gaúcho adepto do "curto e grosso"
de verdades inventadas  e retorcidas
possuía uma louca doçura latente...
Quase não sorria
mas nos olhos trazia
uma luz diferente...
Era luz de ironia!
Hoje bateu saudade...

- Bianca Velloso -


domingo, 14 de abril de 2013

O sol e o beijo


Sol nascendo
Pouco antes das seis
Um beijo...
O sol iluminou o beijo
E o beijo iluminou o dia
Que nasceu colorido
De outono e de amor!

- Bianca Velloso -

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Devoção



Sou devota do amor
e é ao teu lado, Homem Menino,
que quero andar passos de amor - e de amar
até o fim da estrada da vida!

- Bianca Velloso -

quinta-feira, 11 de abril de 2013

No universo dos meus versos



No universo dos meus versos
o Homem Menino
de coração maior que o mundo
virou-me do avesso
transmutou minha órbita
passou a ser
meu centro gravitacional
apossou-se do meu coração
e coloriu todos os meus versos...

- Bianca Velloso -

Sobre a despedida



- Mãe, quando tu morreres, queres ser cremada ou enterrada?

Sempre pensei que depois de morta não faria diferença ser cremada ou enterrada, mas quando a pergunta veio dela percebi que nunca havia parado pra pensar de verdade sobre o assunto...

- Tanto faz... Depois de morta não faz diferença nenhuma... - respondi e me arrependi na mesma hora!

Ficamos nos olhando por um momento. Não sei o que ela pensava, mas eu tentava imaginar o que se passava naquela cabecinha, sem coragem de perguntar nada.

- Pensando melhor, acho que quero ser cremada, filha...

- Por quê, mãe?

- Para que não te sintas na obrigação de ficar visitando um corpo que se decompõe no cemitério...

- Mas eu já estou acostumada a ir ao cemitério! Minha Vó Vivi tá enterrada lá...

- Ah, sei lá, filha... Mas eu não acho legal, não acho que cemitério tenha uma energia boa... Se a gente fosse só pra baixo da terra tudo bem, virava adubo pra fazer crescer as plantinhas... Mas fica lá num espaço que... Acho que é melhor ser cremada mesmo... Depois tu jogas minhas cinzas de um lugar bem alto e bem bonito para que eu possa voar e voltar pra natureza!

Pensei na mercantilização da morte e da dor... Seria bom ter nascido índia... Ou em qualquer outra cultura em que a dor pode ser vivida até o fim, sem que ninguém faça dela um negócio lucrativo... Neste "mundo civilizado" morrer é caríssimo! Enterrando ou cremando, não importa, é tudo muito caro... Nos roubaram até o direito de morrer! Que triste! Que doído! Mas não era sobre isso nossa conversa... Docemente ela concluiu:

- Tá bom, mãe, eu vou fazer tua cremação num dia em que o céu esteja todo cor-de-rosa, bem lindo!

Acho que ela entendeu... Muito mais do que eu...

- Bianca Velloso -


O Amor



O amor não tem vaidades
e não faz julgamentos
O amor quer a essência do ser
não a superficialidade dos atos
O amor quer as luzes e as sombras
com delicadeza e coragem
O amor acalenta, aninha
é entendimento e liberdade!

- Bianca Velloso -

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Nas pausas...



E nas pausas de repente
entoa a tua música
O vento inventa
de te trazer pra mim
A dança desenha a tua cor
O sol nasce com teu cheiro
A lua alumia tua luz...
De repente tuas notas
despertam o sonho, o amor
e um braseiro desvairado
no meu corpo de mulher!

- Bianca Velloso -

Matéria-prima



A poesia não é feita só de palavras
Palavra é o que menos importa num poema
Há quem construa poesia 
com palavras que nem existem no dicionário
A palavra é mero instrumento
Difícil mesmo é escutar os sentimentos!

- Bianca Velloso -

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Conversando com o Velho Ateu




Chego à conclusão de que estou ficando cada vez mais louca. E confesso que adoro minha loucura. Quanto mais louca fico, mais me encontro. Tenho gostado da minha própria companhia. E quanto mais gosto da minha própria companhia, mais aberta fico para o coletivo. E se alguém discorda das ideias que brotam da loucura, as discordâncias (que são bem diferentes de discórdias) se transformam em alimento para a escrita.

Saí cedo para a labuta de sábado. Uma hora de viagem para chegar ao trabalho. Catei um cd na estante, liguei o som do carro e parti. Foi uma música do cd escolhido que, naquele momento, despertou a loucura que alivia a dor da existência. A música é dolorida, mas a dor também abre o caminho para que a fantasia preencha a alma:

O Velho Ateu
 (Eduardo Gudin / Roberto Riiberti)

Um velho ateu
Um bêbado cantor
Poeta
Na madrugada cantava essa canção seresta
Se eu fosse deus
A vida bem que melhorava
Se eu fosse deus
Daria aos que não têm nada

E toda janela fechava
Pros versos que aquele poeta cantava
Talvez por medo das palavras
De um velho de mãos desarmadas


A imagem das janelas se fechando para a poesia foi muito forte para mim... A imagem do medo das ideias de quem pensa diferente... Me doeu a dor do poeta. Não tenho religião, mas adoro pensar sobre a existência de Deus. Abri minha janela e acolhi o poeta. Depois abri também a porta, engatei meu braço no dele e saímos dançando pela manhã que, de repente, virou madrugada. Sentamos na calçada, com um copinho de pinga e uma cerveja até a madrugada se confundir com a própria vida naquela conversa-voo:

Não acreditas em Deus, Poeta? O que ou quem é Deus? Há quem diga que foi Deus quem criou a humanidade... Também há quem diga que foram os homens que criaram Deus... Penso que não dá para negar a existência de Deus, mas não cabe no meu pensamento (nem no meu coração) o Deus construído dentro das religiões hegemônicas no Brasil. Nos meus sonhos de poeta desvairada, Deus não é pai nem mãe, não é feminino nem masculino, não tem forma, mas no universo da poesia pode ter cor e cheiro... Deus é a energia vital de amor que circula no universo... É a melhor energia que existe por aí, no ar e dentro dos seres vivos... Creio que tanto esta energia é produto da humanidade, quanto a humanidade é produto desta energia.


Sabe aquela história "do pó viemos e ao pó voltaremos" e da tal "vida eterna"? Energia pura, essência em forma de poesia... A gente nasce dessa energia, a vida principia num poema absurdo e concreto, cujo ápice é o ato sexual... E quando a gente morre - um outro poema - o que fica é energia que alguns chamam de espírito: o que se amou, o que se lutou, os gestos de carinho... Seja debaixo da terra, seja no mar ou em forma de cinzas, a energia que fica continua a influenciar a vida...


Também já me fecharam as janelas, caro Poeta... Puro medo... Medo da minha loucura, medo da minha fantasia... Medo do caminho de liberdade que existe dentro do pensamento... É mais fácil ser escravo do que ser livre! Nem todo mundo sabe voar! Tenho pena deles, que não percebem que tudo é poesia!


As religiões não são ruins, meu amigo, elas também transformam essência em poesia... As parábolas são poemas... Há quem goste, há quem não entenda, eu sempre gostei de versos livres e gosto de poesia que liberta... Às vezes as Igrejas usam a poesia para colonizar mentes e corações... Algumas correntes religiosas até ajudam no processo de libertação e rompimento com o sistema, acho louvável e respeito imensamente, mas minha fome de liberdade é ainda maior, quero sonhar meus próprios deuses, quero ligar-me a esta essência através da arte, do amor, da diversidade, da pluralidade!


Tu não estás sozinho! E nem eu! Tu com as tuas ideias e eu com as minhas podemos sim compartilhar carinho! Qualquer hora a gente se encontra de novo, nas esquinas da fantasia...

Despedi-me com um abraço apertado e um beijo no rosto. A madrugada virou manhã novamente. Acordei do sonho que sonhava acordada, desliguei o motor do carro e fui trabalhar com a alma repleta de poesia.

- Bianca Velloso -

Sobre a religião e o riso

Pintura de Eli Heil


"Muitas doenças da alma decorrem do fato de que nos levamos a sério. Os demôios são sérios e graves. Deus é leve e ri. 'O riso é o início da oração' (R. Niebuhr)." - Rubem Alves

Houve um tempo em que eu não ria, tinha desaprendido, andava triste, cabisbaixa, não acreditava na beleza... Cheguei mesmo a pensar que o melhor era deixar de ser... Apesar de estar de mal com a vida, nunca deixei de amar as pessoas: a família e os amigos foram fundamentais neste processo de luta contra a depressão. Quando já estava levantando do torpor e reaprendendo o riso, ganhei, de uma amiga, um rosário trazido lá da terra de Madre Paulina. 

Não acredito nas religiões industrializadas e muito menos nas igrejas. Gosto de sonhar meu próprio Deus, inventar minha religião e meus rituais. Tenho minha maneira de conectar-me à energia divina: um banho de mar, uma caminhada... Fechar os olhos, sentir as batidas do coração, tirar os pés do chão, visualizar o universo, chegar até uma estrela, imaginar que a luz retorna a quem precisa... Existem alguns estudos sobre a etimologia da palavra religião, um deles diz que significa religação, algo como religar-se à própria essência, ao que é sagrado e divino.

Apesar de não acreditar nas instituições religiosas, não duvido da fé, ainda mais quando nos chega com gestos de amor... Respeito e admiro qualquer tipo de crença. A fé nos ajuda a persistir! Acredito que a energia do amor é capaz de transformar tudo! O poder curativo do rosário vem muito mais do amor que recebi da amiga do que objeto ou da bênção de alguém que nem sabe que existo!  Guardei o presente na caixinha do carinho.

Tempos depois, com a alma curada, sabendo rir novamente, tornei-me mãe: Helena chegou na minha vida, cheia de luz e alegria! Mais uma maneira de religação com o divino! Nunca ensinei religião à minha filha. A energia divina é presente e intensa nas crianças! As crianças não necessitam da gravidade da palavra! As crianças são a própria essência sagrada!

Quando Helena estava com dois anos, mais ou menos, abriu a caixinha do carinho e encontrou o rosário:

- Mãe, o que é isso?

- É um rosário, meu amor!

- E para que serve?

- Para rezar! - respondi sem me dar conta de que ela não sabia o significado da palavra "reza".

Colocou o rosário em volta da boca e deu uma gargalhada.

- Olha, mãe, eu "risei"!

Caí na gargalhada também! Com todo respeito às diferentes crenças religiosas, mas o Deus dos meus sonhos dá muito mais valor às risadas do que às rezas decoradas!

- Bianca Velloso -