quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

fronteira

(fotografia: Suzana Pires)


desaprendi teu rio
sim não
ser tão de mim
confim

(Bianca Velloso)

passos

(fotografia: Veronica Almeida Siqueira)

filha de Iansã
caminho 
guiada pelo vento
pelo tempo
por cores, aromas, instinto
.
passos sem destino
fechando ciclos
abrindo estradas
.
paro no quando
quando percebo os olhos da casa
fitando os meus
.
eu, brasileira, miscigenada
e a velha casa portuguesa
.
os olhos da casa
revirando-me memórias
sentidos, horizontes
.
os olhos mudos da casa
dizendo-me
vai
.
.
.
há tanta beleza na ruinaria
vida, semente, recomeço

(Bianca Velloso)






segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

palavras

(fotografia: Veronica Almeida Siqueira)


secretas
e sagradas
.
imagens
que apetecem
emudecem
umedecem
:
os olhos
.
.
.
e o baixo ventre

(Bianca Velloso)

domingo, 22 de fevereiro de 2015

subsolo

(em resposta ao 131º desafio poético com imagens de TaniaContreiras Arteterapeuta)


petrificado o desejo
:
o sonho de ser mãe
.
uma, duas, três, mil lágrimas
.
engaveto o sentimento
.
sigo
à luz de mim
:
mulher

(Bianca Velloso)

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

o indizível



.
linda
feita de azuis
.
perto dela
.
.
.
o ar
.
é
.
r a r e f e i t o
.
.
.
deve ser mar
o que ela carrega dentro
.
quando me abraça
sinto o marulhar do mundo
:
o corpo inteiro vibra
.
e já não sei mais
o que é meu
e o que é dela
.

- Bianca Velloso -

O NOME DO MUNDO, de Adriane Garcia






grávida de gravidade
ávida de vida
poeta destemida
mulher a parir poesia
:
Adriane Garcia

Cheirinho de livro novo. Engana-se quem pensa que o livro é leve. A leitura é densa. De fazer sentir o sangue borbulhar dentro do peito. Um soco no estômago de tudo. A percepção do que está dentro e do que está fora, tudo misturado. O que há do mundo dentro da gente. O que há da gente dentro do mundo. Uma janela. O eu fora do centro, fora de foco. O micro no macro. O macro no micro.

Contundente e necessário. O NOME DO MUNDO é um desbunde de beleza. Uma beleza grave, como tudo o que há no espaço e no ser. Uma brevidade que fica ecoando na mente. O efêmero com gosto de eternidade.

- Bianca Velloso -


E agora uma provinha do que encontrarás dentro do NOME DO MUNDO:

TRÊS OLHARES

Os cães têm todos os mesmos olhos
Pedidos vítreos

Os macacos têm todos os mesmos olhos
Lamentos encapsulados

Os humanos têm todos os olhos:
Disfarce da cegueira

(Adriane Garcia)