quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Papai Noel

Fomos visitar a casa do Papai Noel, montada no centro histórico de São José, aqui, na região metropolitana de Florianópolis. Tudo muito bonitinho, com muitos bonecos espalhados pela casa, representando Papai e Mamãe Noel.

- E o Papai Noel de verdade, mãe?

- Está trabalhando, filha.

- Como ele vai dormir na cama dele se tem um boneco grandão lá?

- Na hora que ele for dormir, tira o boneco e dorme. Faz isso todos os dias, antes de sair arruma todos os bonecos nos lugares para a casa ficar enfeitada para as pessoas que vierem conhecer.

- Onde ele trabalha? Que horas ele sai? Que horas ele volta? Onde ele toma café? Como ele vai tomar café se tem um boneco sentado lá na mesa? Onde ele almoça? Como se enche a banheira dele?

Uma a uma eu ia respondendo as perguntas! Haja imaginação! Até que ela resolveu perguntar:

- Ô mãe, o Papai Noel tem "piru"?

- Tem, né filha, ele é menino!

A Baraba

Helena tem uma amiga imaginária que a acompanha há quase um ano. Chama-se Baraba. Dia desses ela me contou:

- Mãe, sabia que a casa da Baraba pegou fogo? Agora ela mora aqui na nossa casa.

No dia seguinte lógico que a mãe esclerosada já nem lembrava mais da história. Saímos para almoçar no restaurante em frente à nossa casa quando ela me perguntou:

- Mãe, cadê a Baraba?

- Não sei, filha, acho que está lá na casa dela.

- Como que pode, mãe? A casa dela pegou fogo! Eu já te falei!

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Favores...

Recém havíamos almoçado e Helena me pediu para buscar a caixa das roupas de boneca que ela tentara, mas não conseguira transportar do quarto de brinquedos até a sala. Ao passar pela cozinha senti vontade de tomar um café. Resolvi colocar o café no fogo antes de pegar a tal caixa que Helena pedira. Ela veio atrás de mim e me pegou lavando a cafeteira. Postou-se na entrada da cozinha, de braços semi-cruzados (ela ainda não sabe cruzar os braços) e falou num tom autoritário:
- Ô mãe, por acaso eu te pedi pra lavar a louça?
A vontade de rir daquela criaturinha era enorme, mas me contive e expliquei:
- Helena, tu me pediste para buscar a caixa de roupas de bonecas, isso é um favor que estou te fazendo. Estava indo buscar a caixa, mas me deu vontade de tomar café, então parei para colocar o café no fogo. Quando a gente pede um favor a alguém não pode exigir que seja feito imediatamente. Tens que aprender a esperar. Eu vou colocar meu café no fogo e depois te levo a caixa. Tudo bem?
- Tudo bem, mamãe!
Não é linda esta minha filha?

sábado, 13 de novembro de 2010

Compartilhando uma refeição


Passeando em Bento Gonçalves, no almoço de hoje, pela primeira vez a Helena compartilhou conosco de uns petiscos de entrada: pão italiano com patê e queijo. O pão e o patê foram pedidos dela, experimentou e gostou. O queijo eu insisti para que ela provasse. Provou e disse que tinha gostado. Eu precisava registrar esta momento bonitinho e ela me deu um sorriso com a boca cheia de queijo. Minha mãe reclamou:
- Ela está com queijo no meio dos dentes.
- Não faz, mal, Vó, agora eu vou engolir e o queijo vai lá pra casinha dele, dentro da barriga, lá no "estômaglo".


quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Grande ou pequena?

Helena foi trabalhar comigo hoje de manhã. Quando saímos de casa o clima estava agradável. Fomos até a loja, depois na pracinha, almoçamos, mais um pouquinho de pracinha... A temperatura subindo...

O carro ficou no sol. Um verdadeiro forno.

- Filha, podes tirar a camiseta e a bermuda também se quiseres, fica só de calcinha para voltarmos, está muito calor.

- E tu, mamãe?

- Ah, meu amor, eu não posso.

- Por quê?

- Porque eu sou grande.

- E eu?

- Tu podes, filha.

- Como que pode, mãe? Eu sou grande!

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Pulsante

Da pulsação da estrela primeira
Ao doce pulsar da vida no meu ventre
A menina que hoje pula, agita, reina, brinca, chora e gargalha
Minha alegria mais pura
Minha maior preocupação
Meu desejo mais intenso
Escrevo por extenso:
Que sejas muito feliz
Que teu chão seja firme
E teus sonhos grandes e plenos de beleza e liberdade
Que teu olhar mire e seja reflexo das estrelas
Que tenhas tempo, amor, paciência e sabedoria
De apreciar a natureza
E olhar para a vida sempre
Com os olhinhos de criança 
Que descobre o mundo, se espanta,
Que busca e se encanta!
Meu amor maior, minha pequena,
No meu pulso pousa e pulsa
O teu nome: Helena.

Queria

Queria dar-te o céu
Com seu infinito azul
Suas estrelas a pulsar
Se eu pudesse
Dar-te-ia o universo
Verso por verso
Frente e verso

Escrevi isto há uns 12 anos atrás. Um dia publicaram numa agenda.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Imaginação Infantil

- Isa, me dá uma faca?

- Pra que tu queres uma faca, Helena?

- Pra cortar a minha maçã.

- Que maçã? Onde é que tens maçã?

- Eu sou criança, eu posso pensar o que eu quiser!

Lógica Infantil

- Mãe, e se a gente não tivesse perna?

- A gente andaria de cadeira de rodas.

- A Bisa não tem perna, mãe?

- A Bisa tem perna, filha, ela só andou de cadeira de rodas aquele dia no aeroporto porque as pernas dela estavam fraquinhas, cansadas, e nós precisávamos andar muito!

Sobre o namoro 2

- Mãe, e se a Thais fosse tua namorada?
- A Thaís não podia ser minha namorada, filha.
- Por quê?
- Porque eu não gosto de namorar menina, eu gosto de namorar menino.
- E se o Val fosse menina?
- Então eu não namoraria o Val.
- Aí tu ias namorar o meu pai de novo?
- Não, filha, a mamãe não ia namorar o teu pai de novo.
- Por quê?
- Porque nós somos muito diferentes, o papai gosta de fazer umas coisas que a mamãe não gosta e a mamãe gosta de fazer umas coisas que o papai não gosta, aí não deu certo.

Não podia imaginar que tão pequena ela fizesse esse tipo de questionamento, mas foi muito bom conversar sobre isso com ela, de uma maneira leve, tranquila e sobretudo ir colocando na cabecinha dela ideias que podem servir de base para uma postura livre de preconceito, que aceite as diferenças.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Sobre o namoro

Recebi um sms do Namorado e comentei com ela:
- Mensagem do Val!
Li quieta e suspirei:
- Ah! Lindo!
- Por que o Val é lindo, mãe?
- Porque é... Porque ele é gostosinho, é o meu namorado.
- E eu, mãe, quem é o meu namorado?
- Tu não tens namorado, filha, tu és criança, criança não namora, um dia tu terás um namorado.
- Como é que vai ser o nome dele?
- Não sei...
- Vai ser Cristiano - não sei de onde ela tirou este nome.

Inocência

- Mãe, e se a gente não tivesse carro?
- A gente andaria de ônibus!
- E se a gente não tivesse casa?
- A gente moraria na rua.
- Igual a passarinho?

Diante de tal conclusão da filhota, só me resta rezar como a Adélia Prado:

"Meu Deus, me dê cinco anos (...) me dá a mão, me cura de ser grande."

domingo, 3 de outubro de 2010

Uma homenagem a Eduardo Galeano

Também uma homenagem ao TCC do Namorado.

03/10/2010 - Dia de Eleição

Hoje a poesia que trago para o blog não é minha, é sim de todos nós e diz muito a meu respeito. Identifico-me muito com o estilo literário do Eduardo Galeano, sobretudo no "Livro dos Abraços". Acordei cedo, pronta para o pleito. Abri uma agenda antiga e encontrei uma dessas poesias em prosa que podem ser chamadas de cotidianas e sempre atuais:

A CELEBRAÇÃO DA SUBJETIVIDADE - Eduardo Galeano

Eu já estava há um bom tempo escrevendo Memórias do Fogo, e quanto mais eu escrevia mais fundo ia nas histórias que contava. Começava a ser cada vez mais difícil distinguir o passado do presente: o que tinha sido estava sendo, e estava sendo à minha volta, e escrever era minha maneira de bater e abraçar. Supõe-se, porém, que os livros de história não são subjetivos.
Comentei isso com José Coronel Urtecho: neste livro que estou escrevendo, pelo avesso e pelo direito, na luz e na contra-luz, olhando do jeito que for, surgem à primeira vista minhas raivas e meus amores.
E nas margens do rio San Juan, o velho poeta me disse que não se deve dar a menor importância aos fanáticos da objetividade:
- Não se preocupe - me disse. - É assim que deve ser. Os que fazem da objetividade uma religião, mentem. Eles não querem ser objetivos, mentira: querem ser objetos, para salvar-se da dor humana.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Dinheirinho

Estou querendo comprar um aparelho de som para o carro. Hoje fomos visitar o Vovô Paulinho e perto da óptica dele tem uma loja de acessórios automotivos. Parei para dar uma olhada nos preços e programar a compra:

- O que tu estás vendo, mãe?

- Um aparelho de som para o nosso carro.

- Tu vais comprar?

- Ainda não, estou vendo os preços, este mês não tenho dinheiro, acho que mês que vem eu consigo comprar.

- Eu te dou um dinheirinho pra tu colocares o som no nosso carro, tá?

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Conversa Surreal

Criança tem cada conversa sem pé nem cabeça! Mas não existe nada melhor do que poder participar dessas fantasias. Estávamos as duas tomando banho de banheira, ela veio devagarinho para o meu colo e começou a sessão perguntas:

- E se tu tivesses cinco olhos, mamãe?

- Eu seria um monstro!

- Um Monstro S.A.? - em referência ao desenho animado "Monstros S.A.".

- É, um Monstro S.A.

- E se eu tivesse oito braços, mamãe?

- Aí tu serias um Monstro S.A. E se tu tivesses seis orelhas?

- Eu ia ser um Monstro S.A., mamãe!

- E se eu tivesse quatro tetas? - perguntei imaginando que ela responderia que eu seria um Monstro S.A. e eu retrucaria dizendo que se tivesse quatro tetas seria uma vaca, porque há uns poucos dias contei a ela que a vaca tem quatro tetas, mas diante da resposta dela só caindo na gargalhada mesmo:

- Se tu tivesses quatro tetas eu te mamava, né? - respondeu a bezerrinha adorando a ideia.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Sobre a morte

Conversávamos amenidades sentadas no sofá:

- Como é o nome do teu dindo, filha?

- Henrique!

- E sabes o nome do meu dindo?

- Não!

- É Calicho.

- Ele já morreu, mãe?

- Não, não morreu não, hoje de tarde ele me telefonou e nós conversamos.

- E se ele morrer, mãe?

- Se ele morrer? Ah, aí eu vou no enterro dele, se eu não tiver morrido antes!

- E se tu morrer, mãe?

- Se eu morrer, Hele? Ah. não sei! Ah, eu não quero morrer não! Tomara que ainda demore bastante tempo para eu morrer!

- Se tu morrer aí tu fica lá "morrida" e nós - eu, a Vó, a Calaca, a Luana - "ficam" aqui!

Na sorveteria

Estávamos as duas na sorveteria e passou um senhor por nós em quem eu nem tinha prestado atenção. Helena fala bem alto e rindo:

- Ô mãe, aquele homem tem teta!

- Fica quietinha, filha! Ai, que vergonha!

- Tu estás com vergonha do homem porque ele tem teta, mãe?

sábado, 11 de setembro de 2010

Códigos

A pedagogia me ensinou que antes de decifrar a escrita, a criança reconhece e decifra signos, símbolos e marcas.

Helena vê um ônibus escolar cuja propaganda traseira é da escola onde estuda:

- Mãe, olha esse ônibus é da minha escola, né?

- É sim, filhota. Como tu sabes?

- Tá escrito atrás: "Escola da Helena".

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Linguagem

Brincando no pátio, ela aparece com uma folha na mão:

- Olha mãe, eu peguei ali naquela "ávili".

- Ah, que legal, meu amor, bonita folha! Mas não é "ávili", é árvore.

- "Ávere".

- "Ár-vo-re".

- "Ár-ve-re".

Ri e tentei mudar de assunto, pra não ficar daquelas mães pentelhas que exigem pronúncia perfeita de uma criança com menos de três anos de idade.

- Ah, mãe! Deixa eu tentar falar direito! "Ár-ve-re"!

Compras

Eu precisava comprar um utensílio no 1,99 e convidei a pequena para irmos a pé até lá. Distância de uns 400m, mais ou menos, que ela insiste em fazer no colo.

No meio do caminho, Helena anuncia:

- Eu também vou comprar uma coisa lá no 1,99.

- Ah é? E trouxeste dinheiro?

- Não!

- Então, como é que vais comprar?

Pensou um pouco e respondeu:

- Eu compro... E a mamãe paga!

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Correspondência

Hoje, ao buscarmos a correspondência na caixa de correio, Helena perguntou:

- Não tem carta pra mim?

Só contas e propagandas. Dei a ela um panfleto eleitoral com fotos e desenhos coloridos:

- Aqui, filha, uma carta pra ti!

- Isso não é carta, mãe! É uma revista!





domingo, 22 de agosto de 2010

Outros, Novos e Velhos Poemas

A proposta inicial deste blog era registrar a poesia cotidiana da vida de uma mãe que acompanha de perto, de muito perto, o crescimento, as inquietações e as peripécias de sua filhotinha.

Conforme a cria conquista independência, passo por passo, por enquanto ainda nas pequenas tarefas do fazer diário (sentar sozinha no vaso sanitário, abrir a geladeira sem ajuda e escolher o que comer, entre outras coisas), a vida desta mamãe vai ganhando ares de outras tantas poesias cotidianas, narradas aqui em prosa não para deixar a intimidade exposta, mas um relato emocional de tudo aquilo que pode ser percebido como poesia viva/vivida: um gesto de carinho; um sorriso; ou um fim de semana lindo temperado com muito amor doce e delicado, pastel no Mercadão, docinho árabe, a perda de um celular, acolhimento dos amigos, pizza, literatura compartilhada na cama, salmão com cenoura, vinho, arroz com canela, teatro sem nexo, afeto, cerveja, pão sírio e pastas árabes, desencontros, um pouquinho de tristeza, compreensão, cumplicidade, lombo com molho de gorgonzola e arroz selvagem.

A poesia se apresenta sob diversas formas em nosso entorno, basta saber apreciá-la, acatentá-la, degustá-la. Não é difícil, é só deixar que as sensações (alegres ou tristes) arrepiem os pelos e inundem a alma.

Helenoca, cheirinho de pipoca, minha filhota amada, escrevo como forma de expressar sentimentos que talvez tenha dificuldade para falar, mas também para que saibas por mim quem é a tua mamãe. Tomara que esta poesia que experimento e conquisto todo dia te diga que viver vale a pena. Esta mamãe, embora tenha demorado a se libertar de certos tabus, tem o espírito libertário. Te prometo, meu amor, que seremos muito felizes com a felicidade uma da outra, sempre companheiras.

Muito obrigada Namorado, Elena, Pedro, Dona Carmen, Serginho, Inez, Haroldo e Regina, vocês me acrescentaram um pouquinho mais de poesia nestes dias.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

A Lua

Quase todos os dias voltarmos da escola a pé, brincando, cantando, fazendo cócegas. Hoje, quando estávamos abrindo o portão para entrar em casa, deitei-a no meu colo como se fosse um bebê e ela olhou para o céu:


- Olha, mãe! A lua! Tá quase ficando noite, né? Vamos cantar a música da lua? "A lua, lua, luaaaaa... A lua quando ela roda é nova, crescente ou meia-lua, quando ela roda, minguante e meia, depois é lua novamente... mente quem diz que a lua é velha..." (foi a Tia Calaca quem ensinou esta música pra ela).


Helena adora a lua, mas o que me impressiona são essas relações de tempo que ela faz. Basta que a lua esteja no céu que ela identifica, seja a hora que for... Ninguém nunca disse a ela que quando está quase anoitecendo a lua fica iluminada, mas sozinha ela percebeu este fenômeno e fez esta construção mental!


Marcos Neves, um grande amigo, físico, educador e sonhador, um dia me disse que "quem não olha para o céu, pelo menos uma vez por semana, não sabe sonhar". Que assim seja, minha filhota, mamãe quer tua vida iluminada de lua, iluminada de sonhos, iluminada de garra, determinação e persistência para transformar sonhos em realidade!

terça-feira, 27 de julho de 2010

Entendimento

Mesmo com pouco dinheiro para que Helena pudesse aproveitar um pouquinho as férias de inverno fiz questão de levá-la para se divertir na piscina de bolinhas, com duas amiguinhas e com direito a um lanche daqueles que não se pode comer todos os dias: batatinha frita.

Brincou um pouco na piscina e pediu para ir noutro brinquedo. Chamei-a num canto e expliquei:

- Filhota, a mamãe tá com pouco dinheiro, hoje não dá. Se tu fores, tuas amiguinhas vão querer ir também e e não dá para pagar pra todo mundo.

Ficou chateada, com um bico enorme, mas fez sinal afirmativo com a cabeça.

- Tu entendes isso?

Ainda com bico fez outro sinal afirmativo. Enchi a criaturinha de beijos:

- Que bom, meu amor! A mamãe fica feliz que tu tenhas entendido! Te amo tanto! Tu és a melhor filha do mundo, viu?


domingo, 25 de julho de 2010

Saramago



Estava sentada na varanda, lendo uma matéria sobre o grande José Saramago, Helena aproximou-se e mostrei a foto a ela:

- Olha filha, vem cá! Olha que foto bonita! É um velhinho bonito, não é?

- É! Quem é ele, mãe?

- É o Saramago, um grande escritor, que escreveu livros lindos. Mamãe gosta muito dele, tem livros escritos por ele, a Vovó também tem, o teu Papai também tem e quando tu cresceres, também vais ler e vais gostar.

Helena olhou a foto novamente, passou a mãozinha na imagem e disse:

- "Cando" a gente tiver um nenezinho, a gente pode colocar o nome dele de Saramago!

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Ora bolas!

Helena adora o pátio. Hoje está chovendo aqui. Sorrateiramente saiu da sala e foi brincar com um rodo na área coberta. Mal o sol ameaçou aparecer e ela já estava embaixo da chuva com o braço esticado segurando um balde.
- Helena! Sai da chuva filha!
- Eu só queria pegar uns pingos!
- Sai da chuva, guria, tu estás com tosse, resfriada! Eu vou ter um "tiricotico"!
- Mas eu só queria pegar uns pingos! Coloca uma mão na cintura, solta o balde, dá uma pausa, vira a outra mãozinha, esticada e fala: Ora Bolas!
Aí não tem mãe que resista, né? Dei uma gargalhada e enchi a pequena de beijos, pegando-a no colo e trazendo para dentro de casa.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Banhos, Preconceitos e Liberdade

Aproveitando que a irmã Mirella está morando na Holanda com o marido Jorge, o pai da Helena viajou para conhecer a Europa. Há 13 dias minha filhota não vê o pai. Hoje, durante o banho, bateu saudade e ela perguntou:
- O meu pai tá tomando banho lá na Holanda, mãe?
- Tá filha.
- Por que menino não pode tomar banho junto?
- Como assim, filha? Não entendi... Menino não pode tomar banho junto?!
- É, mãe. Por que o meu pai não pode tomar banho com o Jorge?
- Ah, filha! Poder até que pode, mas não é muito legal... - respondi meio sem graça.
Não sei quem foi que disse a ela que meninos não podem tomar banho juntos... Como é difícil dar às crianças uma educação livre de preconceitos e equilibrar isso com as convenções sociais que me sinto obrigada a ensinar! Como é complicado falar de certos assuntos, como a homessexualidade, por exemplo, com uma criança de dois anos de idade! Pode até ser simples, mas nosso comportamento acaba por trair a própria crença. Disseminamos o preconceito que criticamos. Afinal é bem difícil contradizer na prática (no discurso é bem fácil) o cinismo e a hipocrisia dessa educação cristã tão arraigada em nossa formação há gerações.
Tenho me esforçado e vou encontrar o caminho. Quero minha filha livre, libertária e principalmente feliz!

Capim

Observando a careca do nosso Val, Helena pergunta:

- Por que tu não tens capim?

- Capim? Como assim capim?

- Capim assim como eu e a mamãe. - E mostra os cabelos.

domingo, 18 de julho de 2010

Almoço de sábado

Esperando a vez na balança do buffet, ela pergunta:

- Tu "pedô", mãe?

- Não, filha.

- E o moço "pedô"? - Referindo-se à pessoa que estava na nossa frente.

- Filha, não é "pedô", é pesou, não é "pedar", é pesar.

No meio do almoço, ela me avisa:

- Mãe, quero fazer cocô.

- Tá bom, meu amor, vai indo lá no banheiro que a mãe já vai te limpar.

Na porta, do banheiro, a uns 8 metros de distância, ela para e pergunta bem alto:

- O cocô não vai ficar lá, mãe?

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Fazendo amigos?

Passamos a manhã toda no cartório. Sem ter muito o que fazer, ela encantou-se com o tecido do casaco de um homem que também esperava atendimento. Eu observava tudo de longe. Primeiro olhou para o casaco, depois passou a mão, como quem fizesse um carinho no braço do homem. Lógico que ele puxou assunto:
- Como é o teu nome?
- Helena. E o teu?
- Murilo.
- "Gurilo"?
- Não, "Gurilo" não, Murilo.
- "Gurilo"?
- Não, "Gurilo" não, Murilo. Mu, Mu, Murilo!

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Beijo da manhã

Helena acorda pontualmente às 6 horas da manhã. Ontem de manhã, um baita frio e eu tentando fazer com que ela ficasse um pouquinho mais na cama:
- Ah, filha, está tão gostosa a nossa cama... Vamos ficar um pouquinho mais...
- Ah, não, mãe! Vamos descer!
- Estou sem forças pra descer. Preciso de um beijinho pra ter forças!
- Eu não posso te dar um beijo, eu já "di" tudo no Val ontem!

terça-feira, 13 de julho de 2010

Histórias

Helena arrumou um amigo no restaurante onde almoçamos todos os dias. Um amigo que deve ter uns 50 anos a mais que ela. Quer sentar com ele, conversar...

Sábado sentou na mesa dele, com o seu prato de feijão e carne. Olhou-o fixamente e pediu:

- Conta a história de ti!

- Contar a minha história? Mas a minha história é muit grande! - e me olhou com uma cara de "socorro, como vou contar minha história pra ela?"

Olhei para uma outra mesa e tinha uma mulher dando risada daquela situação.

- Não precisa ser a história toda, conta alguma passagem, algum fato engraçado que aconteceu contigo.

Foi o que ele fez. E ela sentiu-se satisfeita.

Grandona, indo para a casa dos amigos...

Sábado, levei-a ao Brinca Mundi com um coleguinha da escola. Divertiram-se muito. Foi gostoso. A mãe do menino permitiu que ele fosse conosco. E fomos só os três. Ele foi bem tranquilo, fomos e voltamos conversando, cantando, brincando...
Na volta, Helena queria leva-lo para nossa casa.
- Não, filha, não podemos leva-lo para nossa casa, não combinei nada com a mãe dele.
- Mas eu quero.
Resolvi perguntar ao menino se ele queria ir para nossa casa, caso a resposta dele fosse afirmativa eu telefonaria para a mãe dele para combinar.
- Brian, queres ir para nossa casa ou para a tua casa?
- Eu quero a mamãe.
- Helena, ele quer ir pra casa, quer a mamãe dele.
Ela foi bem até chegarmos na casa dele. Depois fez um escândalo pedindo pra ficar. A mãe dele acabou convidando-a para ficar um pouco. Deixei que ela ficasse meia hora, não mais do que isso, pois o menino tem um irmão bebezinho.
Quando voltei para busca-la disse que brincou um montão e voltou para casa toda faceira. Quando me escuta contar a história para alguém e digo que deixei-a ficar um pouquinho, logo me corrige:
- Eu não fiquei um pouquinho, fiquei um montão!
Que bom que ela acha que ficou um montão!

Furada

No meio de uma brincadeira, ela levanta e corre para o banheiro:


- Peraí, mãe, tô furada!


- Não é furada, filha, é apurada!

domingo, 4 de julho de 2010

Aprendendo a assinar

Com dois anos e meio Helena aprendeu a desenhar a inicial do seu nome. Sempre que está com uma caneta nas mãos faz questão de deixar sua marca registrada. Faz um monte de rabiscos numa folha de papel, depois assina: H.

Esses dias peguei a danadinha marcando o sofá novo da avó. Uns rabiscos e um H bem grande no encosto. Chamei atenção:

- Helena! Não é pra escrever no sofá! Só no papel.

Ela ameaçou riscar mais.

- Se escrever eu tiro as canetinhas!

Ameaçou novamente. Guardei as canetinhas e avisei a avó que tinha um H no sofá.

Não era um. Eram 8! 7 estavam do outro lado e eu não tinha visto.

Exercício de lógica com letras e cores

Conversávamos enquanto montávamos um tapete de letrinhas que ela tem:

- "V" é de Vivi, né, mãe? De Vivi e de Vitória.

- De Vivi, de Vitória, de Val, de Vuvuzela.

- "V" é de Val também, mãe?

- É.

- O que é vuvuzela?

- É aquele negócio de assoprar que tu ganhaste para torcer para o Brasil.

- Ah!

Mais tarde, voltando da escola, ela aponta:

- Olha um carro preto, mãe.

- Isso mesmo, meu amor. Quem tem um carro preto?

- O dindo.

- Isso mesmo! E o nosso carro, que cor é?

- É azul.

- Não, o nosso carro é vermelho.

- O que é azul, mãe?

- Azul? É a cor daquela luz que tem lá em cima da Maçonaria - e apontei, estávamos bem em frente.

- E o que é rosa, mãe?

- Rosa é a cor do teu sapatinho de princesa.

- Não, mãe, mas que nome é rosa?

- Rosa é o nome da mãe do Davi.

- Não, mãe, que letra é rosa?

- Que letra? Rosa começa com a letra "R" de Rafa.

Helena chora.

- Que foi, filha?

- Não, mãe, a minha letra que é rosa!

- Ah! O teu "H" no tapete é rosa mesmo!

Cegonha

- Mãe, por que ela tem 3 filhos?

- Porque ela quis ter 3 filhos?

- Como?

- Ela quis um, engravidou, quis outro, engravidou de novo, quis outro engravidou mais uma vez.

- Onde é que ela vai para engravidar?

- Ela não vai, filha, ela namora. Tem uma sementinha dentro da barriga da mulher e outra sementinha no "pirú" do homem, aí quando eles querem engravidar o homem coloca a sementinha dele dentro da mulher, quando as duas sementinhas se encontram forma o nenezinho.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Brincando de Vera

Brincando, ao lado da avó, com um copinho de plástico desses que compõem jogos de cozinha de brinquedo, disse:
- Tô tomando cerveja!
- O quê? Perguntou a avó.
- Tô tomando cerveja, tô brincando de Vera!
(A Vera é uma amiga da minha mãe que adora uma cervejinha e de vez em quando aparece aqui em casa com uma - às vezes duas - latinha de cerveja na mão para bater papo)

Primeiras Lições de Astronomia

Semana passada recebemos visitas muito queridas: meu amigo Ricardo e sua filhota Rafaela. Passeamos (Eu, Helena, Ricardo e Rafaela) pela Ilha, fomos ver as tartarugas marinhas do Projeto TAMAR, depois ao shopping para elas curtirem a piscina de bolinhas.
Na volta para casa, já anoitecendo, uma lua cheia linda que Ricardo mostrou à filha:
- Rafa, olha que linda a lua.
Helena também adora a lua:
- Cadê a lua, mãe?
- Está lá filhota, olha, ela vai se esconder atrás do morro!
Começou a enxurrada de perguntas, que já nem lembro mais qual das duas era a autora, ora uma ora outra:
- Por que a lua se escondeu?
- Porque ela está com vergonha!
- Por que ela está com vergonha?
- A lua não se escondeu, a mãe estava brincando, ela não saiu do lugar, quem saiu fomos nós, aí o morro ficou na frente.
- Pra que serve a lua?
- Serve para um monte de coisas. Serve também pra deixar o céu mais bonito!
Já é difícil entender de astronomia, que dirá explicar isso a duas meninas lindas, de 2 e 3 anos de idade! Mas, no final das contas, acho que me saí bem!

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Dinheiro para ir à França

Dia desses ela me pediu para viajarmos para a França, para visitarmos a tia Calaca. Eu expliquei pra ela que não tinha dinheiro para ir à França. Questionadora, viu dinheiro na minha carteira e disse:

- Mas tu tens dinheiro, mãe!

- Mas eu tenho pouquinho dinheiro, para ir a França é preciso muito dinheiro!

Inconformada, de noite ela pegou suas moedinhas, que encheram um cofrinho e disse:

- Olha mãe, eu tenho um monte de dinheiro, dá pra ir pra França!

O papel social do teatro

Feriado de Corphus Christi, fomos ao teatro com umas amigas. A peça? "O Sonho de Natanael".
Emocionante. Ela gostou. E a mamãe adorou.
Uma peça linda, sensível e recheada de muita música, sobre um menininho, engraxate que sonhava com uma escola. Parabéns aos atores, parabéns ao diretor, parabéns ao Sesc. Uma ótima oportunidade de despertar nos pequenos a solidariedade, coisa muito rara hoje em dia... Uma ótima oportunidade de lembrar aos grandes o verdadeiro significado desta palavra...
Findada a peça, os pequenos (e os grandes também) ainda tiveram a opotunidade de explorar todos os instrumentos musicais que compuseram a sonoplastia.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Curitiba



Semana passada estivemos em Curitiba. Helena estranhou um pouco a cidade e quis andar só no colo, o tempo todo. Foi bem cansativo, afinal a bichinha está com mais ou menos 14 quilos. Mas, apesar do cansaço, foi uma das coisas mais gostosas que já fizemos até hoje.



Passeamos muito, levei-a no Jardim Botânico, ela observou todas as plantas curiosidade , nos deliciamos no Jardim das Sensações, um espaço lá dentro onde podemos tocar e cheirar cada espécie vegetal. Visitamos a Bisa Ora, almoçamos com ela, passeamos com a Tia Luana...



Filha, adorei compartilhar esta viagem contigo! Prometo que teremos muitas e muitas viagens especiais assim, para curtirmos bem juntinhas, como gostamos de fazer!

Menstruação

Eu estava menstruada e Helena entrou no banheiro comigo. Viu o absorvente com sangue e perguntou:



- Mãe, o que é isso?



- É um sanguinho que sai todo o mês da minha xexeca. Acontece com todas as mulheres. Contigo também vai acontecer quando ficares do meu tamanho.



- Mostra pra mim, mãe?



Mostrei o absorvente sujo (Ninguém merece! Mas não podia deixa de satisfazer esta curiosidade dela).



- É pra quê, mãe?



- É pra limpar a barriga da mulher, a barriga da gente tem que estar limpinha para quando a gente quiser ter um nenezinho. Sai esse sangue sujo e deixa a barriga limpinha.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Conosco

Helena brincava com a Vó Eunice e os bonecos na calçada. A avó chamou:

- Vem sentar aqui conosco.

Helena caiu na gargalhada. A avó não entendeu nada:

- Que foi, por que estás rindo?

- Tu falou "nosco" Vó. Não é "nosco", é nós! Vem sentar aqui com nós!

- Não, Helena, da mesma forma como a gente não fala "com eu" e sim "comigo, também não fala "com nós", é "conosco".

Depois ela veio me contar: A minha Vó me ensinou, a gente fala conosco, não é "com nós".

Dinheiro 2


Encontrou uma nota de R$ 2,00 em cima da mesa e perguntou:

- De quem é esse dinheiro?

- É meu, filha.

- Por que ele estava aqui em cima da mesa?

- Porque eu tinha levado ontem no bolso da calça quando fui te buscar na escola, se por acaso quisesses pão de queijo eu tinha dinheiro pra comprar, como não quiseste pão de queijo coloquei ai em cima quando chegamos.

- Dá esse dinheiro pra mim?

- Esse é o único dinheiro que eu tenho na carteira, se eu te der fico sem nada...

- Ah, mãe, mas eu gosto muito de dinheiro...

Dinheiro

- Mãe, por que a Ana e a Flora não fazem ballet?

- Não sei, filha, acho que a mãe delas não tem dinheiro.

- Tu tens dinheiro, mãe?

- Um pouquinho eu tenho filha, dá pra pagar o teu ballet.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Chuva

Curtimos muito, Helena e eu, voltar da escola a pé, vamos para casa caminhando e brincando. Esta semana choveu muito aqui e fui busca-la todos os dias de carro. Hoje, quando finalmente parou de chover, cheguei para busca-la e a primeira pergunta que fez foi:



- Mãe, tu veio de carro ou a pé?



- Como tu achas que eu vim?



- Eu não acho...

terça-feira, 18 de maio de 2010

Menina Moleca


Mas que menina moleca
Mas que moleca maluca
É uma levada da breca
Ela é uma lelé da cuca
(Palavra Cantada)

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Vergonha...

Terminando de servir nossos pratos, no restaurante, na frente da moça da balança, Helena me olha e pergunta bem alto:

- Mãe, tu soltou um pum?

- Eu não, filha!

- Quem foi então?

Eu juro que não soltei pum e também não senti cheiro nenhum, deve ter sido o odor de alguma comida que desagradou o olfato dela!

terça-feira, 27 de abril de 2010

O terço

Vasculhando uma caixinha em que guardo brincos, pulseiras, colares e aneis, Helena encontrou um pequeno terço, presente de uma amiga de minha mãe. Perguntadeira que está, não demorou para questionar:

- O que é isso, mãe?

- É um terço, filha.

- Pra quê?

- Pra rezar, meu amor.

Colocou o terço em volta dos lábios e soltou uma risada forçada. E me entregando o terço, falou:

- Ó, mãe, "risei".

Não tenho religião, mas não sou atéia. Creio que, para Deus, uma "risada" dessas vale muito mais do que qualquer reza!

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Eu "sabo"

Helena chegou da escola e tirou as calças. Ficou brincando só de camiseta e calcinha pela casa. De repente bateu vontade de fazer cocô.

Quando terminou e eu fui colocar sua calcinha, disse com convicção:

- Eu "sabo" colocar sozinha.

- Tá bom, coloca. - Ela nunca conseguia, mas deixei que tentasse enquanto limpava o penico.

Passou por mim correndo e até me esqueci da calcinha. Depois, deitada no sofá foi a avó que se deu conta:

- Mas o que é isso, Helena? Tá com a perereca de fora?


Do jeito dela colocou a calcinha, do avesso e toda torta, mas estava feliz da vida com a conquista!