terça-feira, 28 de maio de 2013

Menina-Moleca

Nunca entendi nada de futebol. Nem de torcida. Lá em casa o pessoal é gremista. Sempre preferi o vermelho ao azul - coisa de mulher metida a revolucionária - , mas, para não abalar a paz familiar, me assumo gremista também. Minha mãe e meu irmão, além do Grêmio, torcem para o Avaí e, pelo mesmo motivo, até pouco tempo, eu também era avaiana.

Até que minha filha - cujo pai e avô são torcedores do Figueira - me pediu para torcer pelo branco e preto:

- Tá bom, filha, o que tu quiseres que eu seja, eu sou!

Palavras... Só palavras... A verdade é que sempre me faltou paciência para torcer. Além do mais, estudando a visão, creio que me falta coordenação ocular para acompanhar a trajetória da bola.

Como se não bastasse me pedir para trocar de time, a danada resolveu ser jogadora. Faz um mês que ela está na oficina de futsal da escola. E o pior é que leva jeito! Eu fico ali na arquibancada, assistindo ao treino, toda orgulhosa, babando, contendo as lágrimas, completamente emocionada. 

Aos poucos começo a entender as belezas do futebol, aquilo que já não existe mais nos grandes times. O futebol dos grandes tem a lógica do capital, é individualista, é lucrativo... O futebol dos pequenos é pura brincadeira, cooperação, companheirismo...



E lá vai minha moleca, única menina no meio da rapaziada: faz um gol e até quem é do outro time vem abraçá-la e festejar! Como a gente aprende com as crianças!


 - Bianca Velloso - 



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